quarta-feira, 31 de outubro de 2007

'O Sandinismo na Nicarágua é mais amplo do que a Frente Sandinista’

Em entrevista concedida durante a I Conferência Internacional Vozes de Nuestra América, realizada de 22 a 26 de outubro, em Fortaleza (Ceará), a ativista Mônica Baltodano, lançou duras críticas ao governo de Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, e afirmou que não se pode igualar a Frente Sandinista ao Sandinismo. "O Sandinismo na Nicarágua é mais amplo do que a Frente", disse.
Para ela, a Frente Sandinista tem sido transformada em uma espécie de religião, onde a figura central é Ortega. "As resoluções dentro da Frente se concentrou de maneira total na pessoa de Daniel Ortega e agora em sua família", ressaltou a ativista. "Muitas das bases da Frente seguem sendo bases revolucionárias, mas que estão confusas, porque negou-se a democracia interna, negou-se a formação política. Tem prosperado uma visão quase religiosa".
Por outro lado, de acordo com a ativista, o Sandinismo segue tendo como base a ação, refletida em exemplos como de Sandino e "também de Carlos Fonseca, de Ricardo Morales Avilez e de muitos homens que foram à luta contra a ditadura". Umas das tentativas de manter vivo o Sandinismo na Nicaragua é a criação do Movimento pelo Resgate do Sandinismo, do qual Baltodano faz parte, ao lado de outros comandantes da revolução como Henry Ruiz, Sergio Ramírez e Giorgio Condavele.
"Estamos forjando um movimento de esquerda, alternativo a essa Frente Sandinista que tem sido privatizada por Daniel e que está sendo levada a uma ação e a uma prática que não tem nada a ver com os princípios e valores que pensaram nossos fundadores", afirmou.
Sobre o governo da Nicarágua, Baltodano destacou que o presidente Daniel Ortega é contraditório e tem discursos que mudam de acordo com os seus interesses. "Estamos assistindo a um governo que tem um comportamento esquizofrênico, como de dupla personalidade", disse. "No dia seguinte de ter seu discurso altissimamente revolucionário, decide coisas, destrói mil vidas políticas e econômicas no país, que são incentivos totalmente distintos ao discurso", concluiu a ativista.
Segundo ela, o governo de Ortega não tem mudado nada do que deixou o ex-presidente (Enrique) Bolaños, que, conforme opinou, "foi um dos mais neo-liberais dos últimos anos". "A dez meses de governo, já podemos ver que sua orientação é a mesma: uma orientação neoliberal, uma estreita vinculação quase amorosa com os capitalistas", afirmou, citando como exemplos as políticas fiscal, financeira e comercial, as quais considera exatamente iguais às dos governos anteriores.
A única diferença agora, para a ativista, é que Ortega conseguiu negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a agregação de uma política social, que segue sendo patrocinada por Cuba e Venezuela, enquanto o FMI comanda as outras políticas da Nicarágua. "Os mesmos capitalistas da Nicarágua necessitam em urgência de uma política social, porque é exatamente explosiva a situação da Nicarágua, então, a política social é também de interesse da burguesia nicaragüense", assinalou.

sábado, 27 de outubro de 2007

2.175 declaran apoyo a la libertad de Los Cinco

Por lo menos 2.175 personalidades de diferentes partes del mundo ya rubricaron el nuevo llamamiento en defensa de la libertad de los cinco presos políticos cubanos encarcelados en Estados Unidos, desde hace más de nueve años. El llamamiento elaborado por el escritor Roberto Fernández fue presentado recientemente en Casa de las Américas y ahora circula en internet.
Firman el documento gran personalidades como los premios Nobel Adolfo Pérez Esquivel (Argentina), Nadine Gordimer (Sudáfrica) y Wole Soyinka (Nigeria), además de Danielle Mitterrand (Francia), Oscar Niemeyer (Brasil) y Eduardo Galeano (Uruguay) y el presidente de Bolivia, Evo Morales.
El llamamiento exige la liberación inmediata de Ramón Labañino, René González, Fernando González, Gerardo Hernández y Antonio Guerrero, conocidos por "Los Cinco". "Sumamos nuestras voces a todas las que en el mundo reclaman el cese inmediato de esta enorme injusticia", dice el documento.
Según el llamamiento, Los Cinco han permanecido aislados en prisiones de máxima seguridad, bajo crueles condiciones de reclusión, en violación de sus derechos humanos y de las propias leyes estadounidenses. "No debemos cejar en el empeño hasta que la verdad se abra paso y estos hombres retornen a su país y a sus familias", señaló.
Nuevas adhesiones podrán formalizarse en la página.


sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Aprovada adesão da Venezuela ao Mercosul

A adesão da Venezuela ao Mercosul foi aprovada, na tarde desta quarta-feira (24), após um longo debate na Comissão de Relações Exteriores. O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), membro da comissão, um dos defensores da proposta, disse que "a aprovação do acordo para inclusão da Venezuela ao Mercosul é um passo decisivo para a integração física, política, econômica, comercial e diplomática dos países da América do Sul e uma vitória importante da diplomacia brasileira no esforço da consolidação do bloco formado pelas nações sul-americanas" .
O parecer do relator, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que ratifica o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul, assinado em julho do ano passado, foi aprovado com 15 votos a favor e uma abstenção. O PSDB e o DEM, após terem a proposta de adiar a votação derrotada, entraram em obstrução. Os parlamentares dos dois Partidos não votaram, apesar de estarem presentes à reunião.
A matéria agora vai para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, sem seguida, para o plenário da Câmara, antes de ser remetida ao Senado.
A proposta tramita no Congresso desde março deste ano. O voto favorável do relator, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), já havia estado outras vezes na pauta da comissão, mas não foi votado por manobras da oposição. Novamente a oposição tentou adiar a votação, o que provocou longos debates. A reunião se estendeu por mais de cinco horas.
A adesão da Venezuela já foi aprovada pelo Uruguai, Argentina e pela própria Venezuela. Falta apenas a aprovação pelo Brasil e pelo Paraguai.

Disputa política:

O argumento da oposição para adiar a decisão era de que muitos pontos do acordo ainda estão sem solução e é preciso mais tempo para discutir o assunto. Mas os debates demonstraram que a maior preocupação era com a política do presidente Hugo Chavez.
Os deputados da base aliada alertaram de que o adiamento da ratificação do acordo prejudicaria todo o esforço da diplomacia brasileira para consolidação e ampliação do Mercosul. O líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS) lembrou que, no caso do acordo inicial para a criação do Mercosul, muitos ajustes técnicos foram feitos posteriormente.
Na semana passada, deputados e representantes da Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria se reuniram com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para pedir a aprovação da proposta. Durante a reunião, o deputado e ex-presidente da Câmara, Aldo Rebelo, defendeu a aprovação do texto. Segundo ele, a integração plena do Brasil ao Mercosul, para os estados da região Norte e Nordeste, só terá eficácia com a entrada da Venezuela.

Sem tarifas e restrições:

Com a adesão da Venezuela ao Mercosul, os produtos originários dos países mais desenvolvidos – Brasil e Argentina - devem entrar sem tarifas e restrições no mercado venezuelano até 1º de janeiro de 2012, excetuando os denominados produtos sensíveis, para os quais o prazo poderá estender-se até 1º de janeiro de 2014.
O mesmo deve ocorrer em sentido contrário. Os bens produzidos na Venezuela também entrarão sem restrições nos mercados da Argentina e do Brasil até 1º de janeiro de 2010, excetuando os produtos considerados sensíveis, para os quais o prazo se estende até 1º de janeiro de 2014.
Os países de menor desenvolvimento no Mercosul - Paraguai e Uruguai - terão tratamento diferenciado. Embora o prazo limite geral para o ingresso sem restrições dos bens oriundos desses países no mercado da Venezuela seja também 1º de janeiro de 2012, os principais produtos da pauta exportadora do Paraguai e do Uruguai poderão ingressar no mercado venezuelano com tarifa zero, logo após a entrada em vigor do Protocolo de Adesão.

De Brasília
Márcia Xavier
Com agências

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Grupo de estudos


O NÚCLEO DE ESTUDOS LATINO-AMERICANOS (NELAM)
CONVIDA TODOS E TODAS PARA ESTUDO E DEBATE DO LIVRO
"DA GUERRILHA AO SOCIALISMO: A REVOLUÇÃO CUBANA", DE FLORESTAN FERNANDES (EDITORA EXPRESSÃO POPULAR http://www.expressaopopular.com.br

DIA 27/10 (SÁBADO), 11H00, SALA 24 DA FAFIL
APRESENTAÇÃO INICIAL DOS CAPÍTULOS DO LIVRO SOB A RESPONSABILIDADE DE :
Nathalia Dellalibera Goduto - NELAM
Prof. Marcelo Buzetto - NELAM
Prof. José Alfonso Klein - NELAM
CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ
AV.PRÍNCIPE DE GALES, 821, BAIRRO PRÍNCIPE DE GALES, SANTO ANDRÉ/SP.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Mais de 8 milhões de cubanos participam de eleições municipais

Mais de 8 milhões de cubanos participam de eleições municipais Ontem, 21 de outubro, mais de 8.300.000 cubanos foram convocados às urnas para eleger, mediante voto secreto e direto, a 15.326 membros das denominadas 169 Assembléias de Poder Popular municipal que existem em todo o país. Para a eleição, se apresentaram 37.328 candidatos cuja única condição é haver sido indicado por algum cidadão cubano. Não é necessário pertencer a nenhuma determinada organização nem partido, tampouco o Comunista. Em Cuba não existe a campanha eleitoral por meio publicitária, o que permite igualdade de oportunidade para todos os candidatos; a difusão consiste na exposição de suas fotos e biografias em diferentes pontos de máxima concorrência de sua população. A jornada eleitoral é também um dia especial para os cubanos, que fazem as vezes de interventores e testemunhas, para que a votação transcorra com normalidade. O presidente Fidel Castro recordou em um breve artigo publicado no Granma a comparação entre as eleições de Cuba e dos Estados Unidos: "Em primeiro lugar, se deve ser muito rico, ou contar com o apoio de muito dinheiro. Depois, investir enormes somas em publicidade, que é especialista em lavagem cerebral e reflexos condicionados. Ainda que haja honrosas exceções, ninguém pode aspirar a nenhum cargo importante se não dispor de milhões de dólares. Para ser eleito presidente, são necessários muitos milhões, que saem das arcas dos grandes monopólios. Pode triunfar o candidato com uma minoria dos votos nacionais".
Ao terminar o horário de votação, qualquer cidadão pode ficar para a contagem dos votos recolhidos nas urnas. Os candidatos deverão conseguir a maioria absoluta dos votos, se não for assim, haverá um segundo turno entre os mais votados. Os eleitos têm um período de mandato de 30 meses
Os delegados eleitos em âmbito municipal formam parte da estrutura básica da democracia cubana; eles acumulam as necessidades, demandas e propostas da população e as levam às instancias superiores. Nenhum recebe remuneração alguma e pode ser anulado em qualquer momento em que os cidadãos considerem que não está respondendo ao mandato pelo qual foi eleito. Na maioria das democracias representativas, esses mesmos cargos são remunerados e, independente de sua tarefa, não podem ser anulados pelos cidadãos durante todo o período de sua legislatura.
O direito ao voto e à nomeação corresponde a todos os cidadãos cubanos maiores de 16 anos, capacitados mentalmente e sem sanção penal.
Quanto ao censo eleitoral "qualquer cidadão está em seu direito de verificar diante das autoridades eleitorais, sua inclusão em listas que sejam públicas", explicou Tomás Amaran, Secretário da Comissão Eleitoral Nacional.
A presidenta da Comissão Eleitoral Nacional, María esther Reus, explicou que, do total de votantes, uns trezentos mil o fizeram pela primeira vez ao chegar aos 16 anos de idade. O segundo turno das eleições está previsto para o dia 28 de outubro.


Fonte: por Pascual Serrano, de Rebelión/Altercom



segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Militante do MST executado por milícia armada será enterrado hoje22/10/2007

O corpo do militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e membro da Via Campesina, Valmir Mota de Oliveira, 42 anos (conhecido como Keno), executado ontem, dia 21, por uma milícia armada, com dois tiros no peito, está sendo velado no acampamento 1° de Agosto, em Cascavel, na região Oeste do Paraná.
O enterro acontece às 16h30, no Cemitério do bairro Guarujá, em Cascavel. Keno foi assassinado durante o ataque de uma milícia armada contra os camponeses acampados na área da multinacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste. No ataque mais cinco trabalhadores foram feridos.
Keno que era casado, deixa mulher e dois filhos pequenos, de sete e oito anos. Ele fazia parte da coordenação estadual do MST e começou sua militância no movimento, em 1990, na região Oeste do Paraná. Em 1994, se mudou para Brasília, ajudando a organizar o MST naquele Estado. Em 2001, voltou para região Oeste, onde continuou a militância em vários locais, na Brigada Teixeirinha. Atualmente, morava no acampamento Sete de Setembro, em Cascavel.
História de luta
Valmir Mota de Oliveira tinha 42 anos e militava no MST desde os dezessete. Sua história com o MST é longa, seus pais moram no assentamento Ander Rodolfo Henrique, em Diamante do Oeste, Paraná.
Começou sua militância no Paraná, na década de 1990. Em 1994 foi para Brasília durante a marcha dos Cem Mil. Ajudou a organizar o Movimento em Brasília e Entorno. Os amigos daquela época lembram que era ele quem acalmava os companheiros nas horas de tensão.
É unanimidade entre todos os conhecidos que Valmir não tinha inimigos pessoais. Por outro lado, incomodava àqueles que tentavam atrapalhar o avanço de uma sociedade mais junta, igualitária e digna para todos.
Em 1998 se casou e é pai de dois filhos. Por acreditar na Reforma Agrária, na defesa do meio ambiente, na resistência da agricultura camponesa e na construção de uma sociedade mais justa, sem exploradores e explorados, já havia sido ameaçado de morte várias vezes pelo Presidente da Sociedade Rural de Região Oeste, Alessandro Meneguel e lideranças do agronegócio do Oeste do Paraná.
Neste domingo, 21 de outubro, as ameaças se cumpriram e Valmir foi executado por pistoleiros de uma milícia armada, com dois tiros no peito, no acampamento Terra Livre, na área de experimentos ilegal da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste.


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Pino Solanas, um cidadão latino-americano



Um dos principais cineastas latino-americanos da atualidade, candidato pela segunda vez à Presidência do seu país, Fernando "Pino" Solanas fala da Pátria Grande Latino-americana e dos seus projetos de cinema.

Fernando Solanas - ou Fernando "Pino" Solanas - é hoje, sem dúvida, um dos mais importantes cineastas latino-americanos. Em sua rica filmografia, constam trabalhos como El hombre que mirava del Sud , Tangos - o Exílo de Gardel e, mais recentemente, os documentários Memórias del Saqueo, La dignidad de los Nadies e Argentina Latente. No último final de semana, ele esteve por algumas horas no Rio de Janeiro, onde mostrou, no Festival de Cinema, o seu mais recente documentário, Argentina Latente. Lançado pela segunda vez candidato à Presidência da Argentina por um conjunto de movimentos sociais, para as eleições do próximo dia 28, Solanas faz uma análise sobre seu país, com duras críticas ao Presidente Néstor Kirchner e ao "mar putrefato" em que se transformou o Partido Justicialista, cujos dirigentes, segundo o cineasta, teriam traído os ideais de Perón e Evita. Solanas concedeu esta entrevista ao Brasil de Fato poucas horas antes de retornar à sua Argentina e retomar a campanha presidencial.
Quem é?
Expoente do cinema político latino-americano, o documentarista argentino Fernando Ezequiel Solanas, conhecido como Pino Solanas, nasceu em Olivos, província de Buenos Aires, em 16 de fevereiro de 1936. Sua trajetória como documentarista começa com La Hora de los Hornos (1968), um clássico do cinema latinoamericano, sobre a ditadura na Argentina. Por causa desse filme, apresentado pela primeira vez no Festival de Pesaro, na Itália, o cineasta foi exilado na França (1976-1984) onde realizou um único filme, Le Regard des Autres (1980). Com o fim da ditadura, retorna a seu país. Em 21 de maio de 1991, três dias depois de criticar duramente, num jornal de Buenos Aires, o então presidente Carlos Saúl Menem, foi metralhado por dois desconhecidos. A partir de então iniciou seu engajamento na disputa eleitoral. Em 1992, candidato a senador pela cidade de Buenos Aires, conseguiu 7% dos votos. No ano seguinte, elegeu-se deputado nacional (federal).Em 2004, o Urso de Ouro especial do Festival Internacional de Cinema de Berlim, pelo conjunto de sua obra. Há mais de 30 anos retrata a realidade de seu país.
Brasil de Fato – O que vem a ser Argentina Latente?
Fernando Solanas – O título expressa uma Argentina que está viva, uma Argentina profunda, que palpita como o coração. Argentina Latente tem como objetivo principal revelar para o espectador as capacidades ou potencialidades de uma Argentina científica e técnica. É curioso, mas o esvaziamento econômico do país foi paralelo ao esvaziamento informativo. O império do poder midiático que deixou absolutamente de lado todas as referências das capacidades industrias, científicas e técnicas da Argentina. Se você pergunta quem construiu alguns dos aviões argentinos, ninguém sabe. Se pergunta, quem são os cérebros que construíram os reatores nucleares argentinos, ninguém sabe. E a Argentina é líder mundial em reatores nucleares, tendo acabado de instalar um na Austrália. Ninguém sabe disso. O filme recupera essa história. São 150 anos de construção de uma Argentina moderna, onde cientistas e pesquisadores de todas as disciplinas deram muito a este país, apesar dos maus tratos, apesar dos baixos salários. Apesar do neoliberalismo e, às vezes, apesar da repressão - os cientistas, muitas vezes foram expulsos do país. Assim, Argentina Latente remete a uma série de homenagens, uma série de redescobrimentos de um país, com o objetivo de fazer o espectador pensar e refletir, sobretudo o que temos, se pensamos a Argentina dentro de um contexto de uma América Latina integrada e unida, desde o Caribe até a Patagônia.
O filme seria uma demonstração de amor ao seu país... Exato: uma série de poemas de amor ao meu país. O que emociona no filme é a paixão com que pesquisadores, técnicos, operários, engenheiros trabalharam suas obras, como se fossem obras de arte. Há paixão pelo país, há paixão pela Argentina. E, repito, há paixão por uma grande pátria. A Pátria Grande Latino-americana.
E como está hoje a nossa Pátria Grande?
Vai andando. São esses impulsos renovadores que vêm do Caribe. É a força das iniciativas generosas de Hugo Chávez – que há vários anos vem fazendo propostas absolutamente inovadoras, que mudam a ética do mercantilismo capitalista, substituindo- a por uma ética da integração, uma ética generosa. Aí está a Petro Caribe, que troca petróleo por matéria prima, e fixa o preço de um barril (a um dólar baixíssimo) de 20 e tantos dólares. É o tempo do despertar da consciência dos povos originários. Aí temos a Bolívia com um presidente indígena, o primeiro da América! E temos também o Equador com Correa.São movimentos que buscam uma renovação profunda, uma revolução profunda para caminhar rumo ao socialismo do Século 21! E a primeira medida de Chávez, a primeira medida do Evo Morales e do Rafael Correa foi tocar a questão da Constituinte.
A integração da América Latina caminha para o socialismo do século 21?
Claro. Nossos povos têm que sair do esquema neoliberal. E têm que mudar. Têm que mudar a essência do que tem sido a América Latina: um território colonial e neocolonial. Território de saque de mais valia e de recursos naturais. Temos de construir formas inovadoras. Quando falamos de um socialismo latino-americano, falamos de um socialismo pensado a partir de nossas tradições históricas, a partir das nossas heranças. De Simón Rodrigues, Artigas, Mariano Moreno, Monteagudo.. . a Mariátegui. Todo esse imenso acervo cultural. Citaria 50 nomes, desde Tupac Amaru, Bolívar..., e assim por diante.
No final do seu filme, você cita vários líderes latino-americanos, inclusive João Goulart.
João Goulart é uma figura importante. Não cheguei a conhecê-lo pessoalmente, mas conheci Darcy Ribeiro. Durante seu exílio em Montevidéu, Darcy ia dar aulas em Buenos Aires. Eu estive muito próximo dele, inclusive o apresentei a uma pessoa que ele admirava muito, o Juan José Hernandez Arregui [um ensaista e um dos referenciais da esquerda peronista].Tenho vários amigos que gostavam muito de Darcy. Inclusive a segunda candidata a deputada da lista de nosso espaço político, o Projeto Sul, Alcida Argumedo. A figura de Darcy é espetacular. É uma figura da América Latina.
O senhor é muito crítico com relação ao presidente Néstor Kirchner...
Sou muito crítico. Mas veja, meu ofício não é ser opositor, devo esclarecer. No entanto, há 50 anos que milito pela causa da minha pátria. Há 50 anos que sou um militante social, um militante político – e passei de tudo: exílio, perseguições.. sofri até um atentado a bala. Quer dizer, há 50 anos que viemos lutando pela segunda emancipação do meu país. Em 2003 tivemos esperanças, com cautela, porque Kirchner vinha navegando neste mar putrefato do Partido Justicialista.
Por que "mar putrefato"?
Traíram o legado de Perón e Evita.Traíram numa girada de 180 graus. Kirchner votou todas as piores leis de Menem, as que arremataram o patrimônio público, o petróleo e o gás. Daí, passam os anos, e aparece Kirchner, em abril de 2003, pelas mãos de Duahlde. Era o mal menor. Kirchner surpreendeu a todos quando se investiu de uma certa dignidade nacional – Menem era o gerente imediato das corporações. Kirchner ganha simpatia e tem algumas atitudes muito interessantes, como quando votou contra a Alca em Mar del Plata e renovou a Corte Suprema de Justiça. Mas..., Kirchner aprofunda a essência do modelo neoliberal. A Argentina perde todos os anos cerca de 25 bilhões de dólares entre petróleo, gás e a grande mineração das corporações. Kirchner aprofundou esse modelo. E o decisivo para entender que era o momento de mudar o espaço político foi que, desde o fim do ano passado, Kirchner entregou o controle total das riquezas petrolíferas para as províncias [equivalentes na divisão administrativa da Argentina aos estados no Brasil], sabendo que todas essas províncias sempre foram feudos oligárquicos pró-menemistas,
Mas o povo respondeu agora a Menem, em La Rioja. Acabou politicamente com Menem ao derrotá-lo na última eleição daquela Província.
Mas veja, a Argentina sofre com o poder dos meios de comunicação.O governo está absolutamente vinculado à mídia. O governo Kirchner prolongou por dez anos as concessões de TVs. Em troca de nada. Em troca de apoio. E, prestemos atenção, o governo é o principal anunciante das rádios e TVs. Em conseqüência, palavras como estas são muito difíceis de serem ouvidas. Casualmente, nos períodos eleitorais, como agora, têm que nos dar espaço. E é esta é uma das razões....
... de sua candidatura.

É uma das razões por quê saímos candidato, agora na ala social da Confederação dos Trabalhadores Argentinos (CTA) e o Partido Socialista Autêntico, o Movimento Pela Recuperação do Petróleo (Moreno) - que fundamos, e o Projeto Sul. Formamos uma nova força política, da esquerda latino-americana, com um projeto que pode se realizar amanhã, como nacionalizar o petróleo e o gás. Não há nenhuma razão para que a Argentina não o faça. Fomos o primeiro país que iniciou, na América Latina, a exploração estatal do petróleo e gás.

Então, o que falta para que a Argentina e a América Latina mudem de política?

Os nossos governos são hipócritas e mentirosos. Na verdade prosseguimos com o mesmo modelo imposto por Menem. A riqueza continua sendo distribuída como no período de Menem. Continua haver o mesmo domínio dos banqueiros que havia durante a ditadura. Continua sendo a mesma lei da radiodifusão da época da ditadura militar.Ningué m a mudou.

Além dos projetos políticos, qual será o seu próximo projeto cinematográfico, depois de Memórias del Saqueo, La dignidad de los nadies e, agora, Argentina Latente?

Já estou com um quarto filme rodado, que é Os Homens que estão sós e esperam, que trata dos serviços públicos, em especial os ferroviários. Tive que interromper a finalização em função da campanha eleitoral. Já está filmado e programado para ser lançado em fevereiro ou março O quinto é Terra Sublevada, longa-metragem que fecha esta série de cinco filmes e que trata sobre os bens da terra e a contaminação. Neste, abordo o o saque dos minérios, o saque do petróleo, o saque da terra, a destruição da mata nativa. Neste sentido, o principal é nós construirmos o nosso próprio projeto ambientalista, que não tem as mesmas prioridades dos norte-americanos. A nossa visão antepõe a defesa do meio ambiente a qualquer dos mega-projetos industriais – energéticos ou minerais. Nosso desenvolvimento não será um desenvolvimento com a mesma velocidade que o proposto pelo modelo neoliberal, que é absolutamente destruidor, que concede todas as regalias às corporações. Usam cianureto e fazem voar os cerrados. Levam tudo e depois você fica com o dano ambiental

O que você diria para nós, latino-americanos?

É... creio que é necessário pressionar pela base para avançar mais rápido rumo à unidade do continente. Creio que os dirigentes políticos de nossos países ainda não têm um olhar de longo alcance, e se prendem a pequenas contradições ou rivalidades secundárias, frente ao imenso deafio de construir a Pátria Grande Latino-americana, com o seu Parlamento, seu banco, sua integração energética... A urgência do mundo exige que nos integremos rápido.

Filmografia Mantivemos em castelhano os títulos originais dos filmes, pois – pelo que nos foi informado, não são possíveis de encontrar traduzidos para o português nas videolocadoras brasileiras. Seguir andando - 1962 (curta metragem)Reflexión ciudadana - 1963 (curta)La hora de los Hornos - 1968Argentina, mayo de 1969: los caminos de la liberación - 1969Perón, la revolución justicialista - 1971 Perón: Actualización política y doctrinaria para la toma del poder - 1971Los hijos de Fierro - 1975El exilio de Gardel (Tangos) - 1985Sur - 1988El viaje - 1991La nube - 1998Afrodita, el sabor del amor - 2001 (Filme inconcluso) Memoria del saqueo - 2004La Dignidad de los Nadies - 2005Argentina latente - 2007La tierra sublevada (em fase de montagem – ler entrevista)

www.brasildefato.com.br


quinta-feira, 18 de outubro de 2007

LIBERTAD A TODOS NUESTROS PRESOS POLITICOS MAPUCHE

LIBERTAD A TODOS NUESTROS PRESOS POLITICOS MAPUCHE
Desde el Grupo El Puente junto con el centro de estudiantes del ICA y personas Solidarias, los invitamos a marchar con nosotros, el Martes 16 de Octubre 2007, al consulado de Chile en Cordoba.
Concentramos en la Plaza España a las 10Hrs, para marchar a las 11Hrs.
Entregaremos un petitorio con todas las firmas que podamos reunir, los esperamos.
Estamos encontra del tiempo.

Para los que no estan en Puelmapu-Argentina, los invitamos a que acudan a los Consulados y Embajadas de la Dictadura democratica Chilena en sus respectivos paises, una carta puede salvar a nuestros hermanos y hermanas.

A 515 AÑOS
LIBERTARD A LOS PRESOS POLITICOS MAPUCHES

MARIC WEU MARICI WEU

PRESOS POLÍTICOS DE ANGOL EN HUELGA DE HAMBRE LÍQUIDApor LAMNGEN Thursday, Oct. 11, 2007 at 7:28 PM

Los presos políticos mapuche recluidos en Angol, comenzaron el día de ayer una huelga de hambre seca, Jaime Marileo, Patricia Troncoso, José Millalen, Héctor Llaitul y José Huenchunao,
COMUNICADO PÚBLICO Nosotros los Presos Políticos Mapuche recluidos en la cárcel de Angol deseamos informar a la opinión pública y al Pueblo Mapuche lo siguiente: Que, desde hoy 10 de Octubre del 2007, hemos iniciado una huelga de hambre líquida indefinida, hasta obtener los siguientes objetivos: 1.-Libertad inmediata a todos los Presos Políticos Mapuche encarcelados por el Estado Chileno. 2.-Desmilitarizació n de las zonas en conflictos y fin a la represión de las Comunidades Mapuche. La presente movilización la iniciamos con una rogativa y posterior trawun,el día de hoy acompañados por nuestros familiares, comunidades y grupos de apoyo.
PATRICIA TRONCOSO ROBLES
HECTOR LLAITUL CARRILLANCA
JOSE HUENCHUNAO MARIÑAN
JAIME MARILEO SARAVIA
JUAN MILLALEN MILLA

Consulado de Chile en Córdoba. 16/10/2007
Cónsul de Chile en Cordoba Argentina:
SR. Fernando Barrera Robinson

Nos dirigimos a usted para manifestarle nuestra más profunda preocupación por la situación en que se encuentran los prisioneros políticos mapuche, recluidos en la cárcel de Angol y que en estos momentos se encuentran en huelga de hambre desde el 10 de Octubre.Ellos son, a su saber: PATRICIA TRONCOSO ROBLES HECTOR LLAITUL CARRILLANCA JOSE HUENCHUNAO MARIÑAN JAIME MARILEO SARAVIA JUAN MILLALEN MILLAA seis días de la huelga de hambre seca aún no se le da respuesta a las justas demandas de los huelguistas. Para su conocimiento las demandas son:• 1.-Libertad inmediata a todos los Presos Políticos Mapuche encarcelados por el Estado Chileno. 2.-Desmilitarizació n de las zonas en conflictos y fin a la represión de las Comunidades Mapuche.Cabe recordar que a estas personas se les sometió a juicios anómalos, donde se presentaron "testigos sin rostros" con lo que la defensa no puede hacer nada. Este es un perfeccionamiento constitucional durante la transición a la democracia a la Ley Anti-Terrorista basada en la antidemocrática Constitución Militar de 1980 dejada por Pinochet. Le solicitamos a usted que haga saber de nuestra más profunda preocupación al gobierno de Chile. Desde Córdoba nos sumamos a las justas demandas de los Mapuches que se encuentran en huelga de hambre y adjuntamos firmas de solidaridad con la causa de los Presos Políticos Mapuches.Pensamos que el Gobierno de Chile será el único responsable ante un desenlace fatal. Atentamente,

Firmantes

Nombre Apellido DNI Firma

terça-feira, 9 de outubro de 2007

NÚCLEO DE ESTUDOS LATINO-AMERICANOS (NELAM)

"É a América Latina, a região de veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou mais, tarde, norte — americano, e como tal tem-se acumulado e se acumula até hoje nos distantes centros do poder. (...)

(...)Os fantasmas de todas as revoluções estranguladas ou traídas ao longo da torturada história latino-americana, emergem nas novas experiências, assim como os tempos presentes, pressentidos e engendrados pelas contradições do passado. A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi e contra oque foi, anuncia o que será."

Eduardo Galeano - "As veias abertas da América Latina"

Em 1º de abril de 2005, estudantes, professores universitários e membros de movimentos sociais criaram um espaço para discussão e reflexão sobre as lutas e conflitos sociais na América Latina, voltando boa parte de suas análises para dois países: Cuba e Venezuela. A escolha desses dois países como objeto de estudo e reflexão teve como principal motivação a opção feita pelos mesmos de seguir um caminho próprio, bastante particular, de desenvolvimento econômico e social.

Durante três anos, o Núcleo de Estudos Cuba-Venezuela (NECV) realizou diversas atividades no interior do Centro Universitário Fundação Santo André. Também nos esforçamos para participar de muitos encontros, seminários e debates onde o eixo central era a reflexão crítica sobre a situação da América Latina contemporânea.

Na data em que lembramos os 40 anos da prisão (08/10/67) e assassinato (09/10/67) de Ernesto Che Guevara, ampliamos nossos horizontes internacionalistas, transformando o NECV em Núcleo de Estudos Latino -Americanos (NELAM). Nesta nova fase de organização continuaremos insistindo na importância de nos debruçarmos sobre as lutas e conflitos sociais em curso em nossa região, pois o acompanhamento e estudo dos mesmos são uma forma de compreendermos melhor o presente e para ajudarmos, de maneira consciente e ativa, na construção de um futuro que seja marcado pela existência de uma nova sociedade, verdadeiramente justa, democrática e humana.

Nossa expectativa é que o NELAM possa ser mais um instrumento do processo de integração entre os países e povos que fazem parte da América Latina, pois, como dizia Simón Bolívar, "ou nos unimos ou seremos derrotados".

Santo André, 08 de outubro de 2007.

Coordenação do Núcleo de Estudos Latino-Americanos (NELAM)

Contato: 
contato_nelam@yahoo.com.br
Blog: 
http://nelamsp.blogspot.com/