Segue abaixo um texto interessante sobre as relações entre a imprensa e os interesses econômicos e políticos defendidos por jornalistas que estão organicamente vinculados aos diversos setores da classe dominante. O texto demonstra como a organização Repórteres Sem Fronteira (RSF) tem sido utilizada como um instrumento de agressão contra aqueles que se colocam em oposição ao imperialismo e à política externa militarista dos governos dos Estados Unidos e União Européia.
REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS: LIBERTÁRIOS OU ANTICUBANOS?
Salim Lamrani*
A maneira como a imprensa francesa tratou dos últimos acontecimentos em Cuba é um dos mais sérios fracassos da história do jornalismo neste país. Nunca antes a imprensa francesa dera provas de tanta parcialidade, censura, manipulações, mentiras e calúnias com relação a Cuba. O tratamento reservado à realidade cubana foi simplesmente infame. Mas a medalha de ouro da ignomínia foi para a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), cujo porta-voz, Robert Ménard, sofrendo de uma doentia obsessão contra a Revolução Cubana, reúne em si todos os vícios e desmandos de que o jornalismo e os jornalistas são capazes.
RSF pretende "defender os jornalistas encarcerados e a liberdade de imprensa no mundo. (1) Conversa! a organização, financiada pelo multimilionários francês François Pinault e gozando da benevolência do comerciante de armas Lagardère, fez da manipulação da realidade cubana o seu principal negócio.
Segundo a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), 179 jornalistas foram assassinados "em total impunidade" no hemisfério americano ao longo da última década; e nenhum deles era cubano; mas Ménard arremete contra a Ilha socialista, declarando que "para Repórteres Sem Fronteira, a prioridade na América Latina é Cuba".
No barômetro da liberdade de imprensa publicado no site da RSF, a situação da Colômbia - onde mais de uma centena de jornalistas foram assassinados em dez anos, cerca de 60 sequestrados, ameaçados e agredidos, mais de 20 obrigados a deixar suas regiões e até seu país, enquanto oito atentados ou tentativas de atentado foram registrados - é qualificada apenas como "difícil". Em troca, a situação cubana, onde nem um só jornalista foi assassinado desde 1959, é qualificada de "muito grave". Seria interessante saber quais são os parâmetros adotados pela RSF para chegar a tais conclusões. (2)
Será mesmo a liberdade de imprensa o objetivo da organização? Tolice! O caso de Mumia Abu-Jamal, o célebre jornalista afro-americano que apodrece na prisão há mais de vinte anos, por um crime que nunca cometeu, não interessou a RSF. Em abril de 1999, durante a Guerra em Kosovo, a OTAN bombardeou uma estação de rádio e TV sérvia e 16 pessoas perderam a vida, entre elas mais de uma dezena de jornalistas. Em 2000, quando a RSF publicou seu informe anual, essas vítimas não foram contabilizadas. Isto fica explicado em seguida, quando se fica sabendo que a Comissão Européia subvencionava na época 44% da RSF. Robert Ménard confessou-o em seu livro.
RSF se opôs com firmeza à condenação dos desvios da grande imprensa francesa, "pois, fazendo-o, corremos o risco de desagradar certos jornalistas, inimizá-los com os grandes patrões da imprensa e enfurecer o poder econômico. Para midiatizar-nos, precisamos da cumplicidade dos jornalistas, do apoio dos patrões da imprensa e do dinheiro do poder econômico". (3) É demasiado perigoso atacar os excessos da imprensa francesa, que já mostrou seu arsenal, ao passo que lançar acusações sem fundamento contra a Revolução Cubana é mais simples e bem remunerado.
Para descrever os eventos de março de 2003 em Cuba, a RSF não mediu palavras - "batidas policiais", "expurgo", "julgamento stalinista", "delator" - insinuando criminosas analogias desprovidas de qualquer fundamento, para manipular a opinião pública. (4)
Recordemos os fatos. Em março de 2003, 78 pessoas, financiadas pelo governo estadunidense para provocarem a subversão interna e desestabilizarem o país, foram presas pelas autoridades cubanas e condenadas a longas penas de prisão. As provas apresentadas eram arrasadoras. Das 78 pessoas presas, oito eram agentes da Segurança do Estado, que tinham se infiltrado nas organizações de "jornalistas independentes" e "dissidentes".
O presidente de todas as organizações da "imprensa independente", Nestor Baguer, considerado pela mídia internacional e organizações não-governamentais como uma das principais estrelas da dissidência, era na realidade o "agente Octavio", trabalhando na Segurança do Estado desde 1962 e infiltrado nas organizações de "dissidentes" financiadas pelos Estados Unidos desde 1992; controlava toda a "imprensa independente" e era o principal interlocutor da RSF em Cuba. Os "jornalistas independentes" recebiam diretivas da SINA (Seção de Interesses Norte-Americanos) em Havana e deviam submeter seus artigos aos representantes dos Estados Unidos em Cuba. A organização dirigida por Ménard, ocultando estes fatos, sublevou-se imediatamente contra a "violação da liberdade de imprensa" e lançou uma vasta campanha de propaganda contra Cuba, na qual a verdade foi assassinada. (5)
A RSF encarregou-se de denunciar a detenção de "26 jornalistas independentes". Dos 78 condenados, quatro tinham recebido formação de jornalistas e apenas um tinha exercido esta profissão. O código do jornalismo é regido por uma legislação internacional que possui critérios bem precisos; não basta querer para ser considerado jornalista.
Então, por que tantas mentiras? Porque o trabalho da RSF é muito apreciado do outro lado do Atlântico, especialmente pela Associação cubano-americana - organização anticubana que foi qualificada por um antigo funcionário do Departamento de Estado dos EUA, William Blum, como "um dos grupos terroristas mais prolíficos do mundo", responsável por numerosos atentados contra Cuba. Com efeito, o governo estadunidense, a FNCA e a RSF seguem a mesma agenda, que consiste em destruir a Revolução Cubana. James Cason, o chefe da Sina em Havana, declarou que se reunia regularmente com os terroristas da FNCA para discutir o plano em favor de uma "transição democrática" em Cuba. (6)
Os posicionamentos da RSF, além do caráter incompleto e hipócrita da informação que difundem, seguem a linha extremista e recalcitrante da extrema-direita cubana no Estado da Flórida. Assim, Ménard declara que Cuba "vive de modo paranóico", que a hostilidade dos EUA a Cuba é pura "retórica", que o impacto das sanções econômicas é "marginal", pois "pode-se viver sem comerciar". E agrega "que em todos os países democráticos não é preciso nenhum diploma para ser jornalista". Quanto ao ponto de vista dos cubanos, esse grande defensor da liberdade de expressão os rejeita com desprezo: não têm "nenhum interesse". E logo que fala de Cuba se inflama, agita-se, excita-se, sapateia e esganiça, sem conseguir dominar sua enfermiça obsessão. (7)
Cuba não "vive de modo paranóico", como pretende Ménard. É que sofreu o mais alto número de atentados terroristas no mundo, nos quais 3.478 cubanos morreram e 2.100 sofreram seqüelas permanentes. A antipatia dos EUA pela Revolução Cubana não é "retórica", mas real. O governo estadunidense organizou uma invasão direta da Ilha, cometeu inúmeros atos de sabotagem, financiou inúmeros grupúsculos terroristas anticubanos, lançou contra o país a mais forte campanha de! telecomunicações da história e atualmente recruta mercenários que se disfarçam de jornalistas para desestabilizar o país e fomentar uma subversão interna.
Será o bloqueio "marginal"? Washington teceu uma rede de leis contra Cuba sem precedente histórico, que viola as mais altas convenções internacionais, entre outras a Convenção para a prevenção e repressão ao crime de genocídio, aprovada em 9 de dezembro de 1948 e retificada pelos EUA. As sanções econômicas custaram a Cuba mais de US$ 70 mil milhões, e foram condenadas pelas Nações Unidas, a União Européia, a Organização de Estados Americanos, o Comitê Jurídico Interamericano, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a Organização Mundial do Comércio, entre outras. (8)
A RSF condenou a execução de três terroristas que tinham seqüestrado um pequeno barco que fazia a ligação entre Havana e Regla, levando-o para alto mar e ameaçando de morte os passageiros, entre os quais dois turistas franceses. No ano passado, 1.562 pessoas foram executadas no mundo, entre elas 71 nos Estados Unidos. (9) Não recordo de uma só onda de indignação comparável, da parte das tranqüilas consciências da imprensa francesa, que demonstram uma profunda discriminação quando se trata de Cuba. A RSF ocultou por completo estes fatos, e os seguintes. Nos sete meses que antecederam o julgamento e execução dos terroristas, ocorreram sete seqüestros, cujos responsáveis seguiram para os EUA.
Vale sublinhar que a legislação internacional considera o seqüestro como um grave ato de terrorismo. Mas ao chegarem na Flórida os criminosos não foram presos ou julgados, mas postos em liberdade, enquanto os aviões cubanos foram confiscados e vendidos como sucata. Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, os caças da North American Aerospace Defense (NORAD), que sobrevoam permanentemente o espaço aéreo americano, receberam ordens para derrubar qualquer avião que não estivesse em seu plano de vôo. Como um avião cubano seqüestrado, procedente de um Estado incluído pelos EUA na lista de países que patrocinam o terrorismo, pode chegar ao território americano sem ser derrubado? A menos que as autoridades estadunidenses soubessem de antemão que os seqüestros iam ocorrer, o que coincide com a tese de que os atos de terrorismo aéreo foram organizados a partir dos EUA. (10)
Os Estados Unidos comprometeram-se, pelos acordos migratórios de 1994, a conceder 20 mil vistos anuais a cubanos que desejassem deixar seu país. No entanto, Washington forneceu a cada ano menos vistos, com o evidente objetivo de estimular a emigração ilegal. Com efeito, entre 1º de outubro de 2002 e 28 de fevereiro de 2003, só concederam 505 vistos, ou seja, 2,5% da cifra estabelecida. Ademais, Washington declarou que qualquer fluxo maciço para as costas da Flórida constituiria uma ameaça à segurança nacional dos EUA e provocaria uma resposta militar. Quanto à Rádio Martí e à TV Martí, cujo papel é fomentar a emigração ilegal, viram seus orçamentos alcançarem a cifra de US$ 26,9 milhões. Outro objetivo das emissoras é favorecer atos de sabotagem e subversão interna. Assim, o perigo de uma agressão militar estadunidense contra Cuba é muito real. (11)
Fidel Castro seria responsável pela miséria de seu povo. De qual miséria se trata? Daquela que dota os cubanos de uma taxa de analfabetismo de 0,2%, de uma esperança de vida de 76 anos, de uma taxa de mortalidade infantil de 6,2 por mil, de uma taxa de escolarização de 100%, com 4 milhões de estudantes em 11 milhões de habitantes, de 590 médicos por 100 mil habitantes, do mais elevado número proporcional de médicos e professores no mundo? Seria a "miséria" que permite a Cuba albergar 11% dos cientistas da América Latina, tendo apenas 2% de sua população? A cada ano mais de 2 mil médicos cubanos exercem gratuitamente sua profissão nas regiões mais pobres do planeta - mais que os médicos enviados pela OMC (Organização Mundial de Saúde). Atualmente, há em Cuba mais de 24 mil estudantes procedentes de 80 países, entre eles 500 norte-americanos, que prosseguem sua formação universitária também gratuitamente.
É desta "miséria" que se fala? Se isto merece o qualificativo de "miséria", seria o caso de erguer um monumento à "miséria" e proclamar um "Dia da Miséria", que seria uma festa mundial.
As dificuldades que de fato existem em Cuba estão diretamente relacionadas com o bloqueio decretado por Washington. E devem ser vistas em perspectiva, relacionadas com a problemática política, econômica e social das nações do Terceiro Mundo, para que se veja que, na comparação com tais países, a situação cubana não está longe de ser paradisíaca. (12)
Entrevistado recentemente no programa de TV "Merci pour l'info", do Canal Plus, sobre Tayseer Aouni, o jornalista da Al Jazira preso na Espanha no último dia 8, por simples suspeitas de vínculos com a Al Qaeda, Ménard limitou-se a declarar que os jornalistas não estavam acima das leis, acrescentando que Aouni fora preso pelo que fizera e não pelo que escrevera. A declaração do juiz Baltazar Garzón aparentemente bastou a Ménard, que não se dignou a analisar o assunto, nem requerer as provas, até o momento inexistentes, da culpa do jornalista árabe.
No entanto, Ménard indignou-se quando "jornalistas" cubanos, a serviço de uma potência estrangeira engajada contra Cuba na maior campanha terrorista da história, foram presos e condenados com base em arrasadoras provas de culpabilidade que foram apresentadas publicamente.
Mas Ménard já declarou abertamente que não atacaria os mestres do universo, apenas seus inimigos. Com efeito, a rede televisiva de Catar Al Jazira atraiu a ira de Washington durante as guerras do Afeganistão e a seguir do Iraque, pela exatidão de suas reportagens - pondo em evidência as atrocidades cometidas pela coalizão e esfrangalhando a propaganda estadunidense. É fácil anatemizar um pobre país do Terceiro Mundo, assediado pela primeira potência mundial há quase meio século; mas possuir honestidade intelectual são outros quinhentos. E a RSF, neste caso, escolheu o seu lado, o da mentira e da calúnia. A história da Revolução Cubana é muito diferente; apesar de seus erros, é uma lição de coragem e humanismo.
Recentemente revelou-se que Eduardo Sánchez, sem dúvida o personagem mais midiático da "dissidência", na verdade colaborara durante vários anos com a Segurança do Estado cubano. Evidentemente, a RSF, não sabendo onde se esconder, na medida em que as figuras que erigira em símbolos da liberdade de expressão em Cuba se revelavam agentes de Havana, censurou por completo esta informação desmoralizante.
Os Estados Unidos não possuem nenhuma legitimidade para orientarem um povo que estrangulam há meio século apenas porque ele se atreveu a construir sua própria utopia. Não compete à RSF decidir ou julgar o destino de Cuba, e menos ainda a seus aliados terroristas indiretos da FNCA. Que se critique a Revolução Cubana é de todo razoável, mas usar o embuste e a mistificação para atacá-la é uma ignomínia.
Se a defesa da liberdade de expressão fosse verdadeiramente a preocupação da RSF, suas prioridades seriam a Colômbia, a Turquia, o Paquistão, o Egito. Mas na verdade a "liberdade de expressão" é apenas uma cortina de fumaça para ocultar outro objetivo. O que incomoda a RSF, os EUA e os ideólogos neoliberais é o sistema político, econômico e social de Cuba, que mostra o total fracasso da doutrina do mercado. Gostem ou não a RSF e seus asseclas, Cuba é uma nação independente e soberana, que há 44 anos dá ao mundo uma lição de dignidade e resistência. (13)
Notas
1) Sítio de Repórteres Sem Fronteiras: http://www.rsf.org/ (consultado em 16/set/2003).
2) Cuba Solidarity Project, "Reporters sans Frontières et Cuba", sem data, 1.
http://perso.clubinternet.fr/vdedaj/cuba/rsf.html (sitio consultado em 24/fev/2003) ; Reporters Sans Frontières, Colombie-Rapport 2003. http://www.rsf.org/article.php3?id_article=6164 (sitio consultado em 24/set/2003).
3) Marianne, "Reporters Sans Frontières, les aveux de Robert Ménard ", 5-11/mar/2001 :9.
4) RSF, " Cuba Si, Castro No ", "Washington écarte une intervention armée", http://www.rsf.org/
5) Rosa Miriam Elizalde & Luis Baez, "Los Disidentes" (Havana: Editora Política, 2003), pp. 153-74
6) William Blum, Rogue State. A Guide to the World's Only Superpower (Maine, Monroe : Common Courage Press, 2000), p. 80.
7) Entrevista de Robert Ménard realizada pelo autor em 12/mai/2003 no escritório da Repórteres Sem Fronteiras em Paris.
8) William Schaap, "La Demanda: The People of Cuba vs the U.S. Government" Third World Traveler, septiembre-décembre 1999. http://www.thirdworldtraveler.com/Latin_America/LaDemanda.htm (sitio consultado em 15/jan/2003).
9) Eumelio Caballero Rodríguez, " Coletiva de imprensa ", Paris, Embaixada de Cuba na França, 18/abr/2003.
10) Pascual Serrano, "Planos de intervenção militar na Ilha. Cuba na mira dos Estados Unidos", Le Monde Diplomatique, outubro de 2003.
11) Felipe Pérez Roque, Não pensamos em renunciar à nossa soberania. Coletiva de imprensa concedida pelo Ministério das Relações Exteriores da República de Cuba em 9 de abril de 2003. Havana: Editora Política, 2003. pp. 12, 21.
12) Comisión Económica Para América Latina (CEPAL), Indicadores del desarrollo socioeconómico de América Latina. (Naciones Unidas, 2002), pp. 12, 13, 39, 41, 43-47, 49-56, 66-67 ; 716-733;
Fidel Castro, "Discurso de Fidel Castro em 1 de mayo", Rebelión, 3 de mayo 2002.
http://www.rebelion.org/internacional/castro030502.htm (sitio consultado em 3/mai/2002);
Peter Bohmer, "Cuba Today !", Z Magazine, 26 de abril 2001, 1.
http://www.zmag.org/ZSustainers/ZDaily/2001-04/26bohmer.htm (sitio consultado em 7/mar/2003);
Saul Landau, "Fidel and the Revolution, Forty Years Later", Z Magazine, 6/jan/2001, 2.
http://www.zmag.org/ZSustainers/ZDaily/2001-01/06landau.htm (sitio consultado em 12/mar/2003).
Comisión Económica Para América Latina (CEPAL), Indicadores del desarrollo socioeconómico de América Latina. (Nations Unies, 2002), op. cit., p. 52;
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http://www.jornada.unam.mx/1998/ene98/980125/chomsky.html (sitio consultado em 7/mar/2003).
13) Arleen Rodríguez & Lázaro Barredo, El Camaján (Havana: Editora Política, 2003). Disponível em http://www.cubadebate.cu/index.php?tpl=libros (sitio consultado em 23/set/2003).
10/11/2003
* Doutor pela Escola de Estudos Anglófonos da Sorbonne, Paris, com uma tese sobre o lobby cubano nos EUA de 1959 até hoje.
Este artigo encontra-se em: http://resistir.info/
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