segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Organizações sociais do México iniciam 2008 com uma campanha contra o NAFTA e em defesa da soberania alimentar

30 DE DEZEMBRO DE 2007

Nafta é morte anunciada para camponeses do México

Organizações camponesas e sociais do México iniciaram esta semana uma campanha para arrecadar um milhão de assinaturas, com o objetivo de exigir do governo o cancelamento da dedução de impostos à importação de milho e feijão, vista como "a morte anunciada" do setor agrário mexicano.

Camponeses, sindicalistas, estudantes universitários e operários assinaram o documento, intitulado "Campanha Nacional em Defesa da Soberania Alimentar", exigindo "estabelecer um mecanismo permanente" de administração das importações e exportações de milho e feijão a partir de 1º de janeiro, data da liberação tarifária prevista pelo Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), do qual fazem parte o México, Estados Unidos e Canadá.

As organizações exigem a proibição da plantação de milho transgênico e o aumento de incentivos para aumentar a produção do alimento, além da inclusão na constituição mexicana da lei de Planejamento para a Soberania e Segurança Agroalimentar e Nutricional.

A campanha faz parte de ações programadas pelos partidos políticos da oposição para obrigar a renegociação do NAFTA.

Em 1º de janeiro, "veremos ser colocado o último prego no caixão dos floricultores" do México, disse o produtor Juan Carlos Nava, que acredita que o futuro da floricultura "já não está nesta terra, mas nos Estados Unidos".

O governo mexicano anunciou um plano de emergência para a produção de feijão, milho, cana-de-açúcar e leite, com o objetivo de "baixar os custos de produção" para aproximá-los dos preços praticados nos Estados Unidos e no Canadá.
Miguel Angel del Hoyo, presidente da Câmara Agrícola e Pecuária de Torreón, considera que "o mais arriscado" em relação ao NAFTA é o fato de "os produtores não competirem contra agricultores, mas contra as economias" dos Estados Unidos e Canadá.
Deputados do Partido da Revolução Democrática, da oposição, responsabilizaram o presidente do México, Felipe Calderón, "por não ter aplicado normas e práticas para dar oportunidade comparativa aos camponeses mexicanos frente à adversidade que enfrentarão" com o NAFTA.

Ramón Heredia, presidente do Colégio de Economistas da província de Tabasco, declarou que a partir de janeiro competirão "um produtor agrário empobrecido, o mexicano, com outro poderoso e fortemente subsidiado, o norte-americano".

A produção anual de milho no México é de cerca de 19 milhões de toneladas, enquanto nos Estados Unidos é de 300 milhões de toneladas.

De acordo com a Confederação Nacional Camponesa, para um produtor mexicano de milho custa 300 vezes mais cultivar um hectare do grão do que para um produtor norte-americano, que obtém um rendimento 3,5 vezes maior.

Nos Estados Unidos, cada produtor agropecuário recebe em média US$ 20 mil por ano em subsídios, enquanto no México esse valor não passa de US$ 770 anuais.
Segundo a confederação camponesa, a produção de milho no México ocupa 8,5 milhões de hectares, sendo que menos de um milhão de hectares é destinado à exportação. Nos Estados Unidos, a produção de milho ocupa 32 milhões de hectares.

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